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Foto do escritor Ribamar Diniz

PLENITUDE MARAJOARA

Atualizado: 20 de fev. de 2021

Meus 7 anos pastoreando o Marajó

No dia 12 de fevereiro de 2021, completei 7 anos de ministério pastoral no Arquipélago do Marajó. Foi nessa data, em 2014, que cheguei com minha família ao Porto do Camará, em Salvaterra, para iniciar uma saga de aprendizado e compartilhamento numa das regiões mais exóticas do mundo.


Louvo a Deus por que tenho certeza que Ele nos chamou à conhecer, nos encantar e impactar com a Sua Palavra a maior ilha costeira do Brasil. A maior em conjunto de ilhas banhado por águas salgadas e doces do mundo. Ali moram 500 mil pessoas, em 16 cidades, subdivididas em 2.500 ilhas, entrecortadas por mar, baías, rios, igarapés e furos, que formam um labirinto quase sem fim.


O Marajó, por suas dimensões, população e recursos naturais, poderia ser um “país dentro do Brasil”. Descendentes dos primitivos povos amazônicos e miscigenados com sangue europeu, africano e nordestino a população carrega no DNA o amor pelo natural, a força do trabalho, o apego as pessoas e a criatividade incontida, expressa em distintas manifestações, como a cerâmica policrômica, lembrete de sua criatividade e passado exuberante.


Visitar esse arquipélago, evangelizando em suas cidades, vilas e comunidades, tem sido nossa principal atividade a 7 anos; 84 meses; ou seja, 365 semanas, são 2 556 dias, ou ainda 61 360 horas, seriam precisamente cerca de 3 681 720 minutos e 220 898 482 segundos. Cada fragmento desse tempo representa nossa vida, doada ao povo marajoara, que nos retribui com amor, respeito e atenção. O que temos investido em tempo, energia e recursos, o Senhor tem reposto através de Seu Espírito (Is 40:31).

Pelas ruas, estradas, trilhas e águas marajoaras, geralmente andamos ao lado de minha esposa Cicinha, e meus filhos Lohan e Landon. Embora muitas vezes, infelizmente, eles não puderam estar comigo fisicamente, devido aos desafios geográficos do lugar. Pois já atraquei nos grandes Portos de Belém, Macapá, Santana, Breves, etc. Também já desembarquei em pequenos trapiches e pontes improvisadas por troncos de miritizeiros e açaizeiros (pelos mais pobres do interior). Meu porto seguro, porém, tem sido primeiramente o Senhor e em segundo meu lar. Já perdi as contas das viagens. Já subi e desci rios em balsas, navios, barcos, lanchas, geleiras, voadeiras, rabetas, canoas a remo...centenas de vezes. Como não ando só, Jesus, irmãos e amigos vão comigo nessa empreitada missionária, com o intuito de conduzir pecadores aos pés da cruz, para que, um dia, possam sentar-se com Cristo em Seu trono (Ap 3:21).


Olhando a imensidão de águas, matas, pessoas e suas necessidades, creio que ainda não fizemos quase nada para amenizar o sofrimento, diminuir os problemas sociais graves, como a violência, e transformar vidas. Entretanto, continuaremos lançando o Pão sobre as águas, porque um dia, em breve, Ele será recolhido (Ec 11:1).


Tenho visto e convivido com outros missionários que tem feito a sua parte, para espalhar as boas novas no Marajó. Meus companheiros de Distrito em Soure, São Sebastião da Boa Vista, Portel, Breves, Gurupá, Afuá, Chaves e Ponta de Pedras, tem-me inspirado e confidenciado seus anelos de fazer mais pelo povo da região das águas, como já dizia o pastor Geison Florêncio -"Vocês, pastores do Marajó, são guerreiros e terão a sua recompensa”. E as Escrituras confirmam, “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.” (1Co 15:58)

Até agora Deus nos deu muitas alegrias:


· Iniciei o pastorado em Soure (2014-2016), capital e pérola do Marajó;

· Pastoreei Breves (2016-2018), a capital das ilhas e maior cidade marajoara;

· Sigo atuando no Marajó (2019-), atendendo 8 igrejas ribeirinhas (na imensa Ilha do Mututi) do Distrito do Paraíso, com sede em Santana, no Amapá;

· Batizei 955 pessoas, em tanques, caixas d’água, rios, praias e igarapés;

· Acompanhei 190 casais ao Cartório para o matrimônio;

· Coordenei o plantio de 9 congregações no Marajó;

· Presenciei a inauguração 13 templos adventistas;

· Participei do plantio da Igreja de Santa Cruz do Arari (última cidade do Marajó a ser alcançada pela Igreja Adventista);

· Coparticipei da organização de 9 igrejas e ordenação de 41 anciãos;

· Viajei na Lancha Luzeiro XXIX em seu retorno à região (2018 e 2019);

· Ajudei a distribuir quase 60 mil livros missionários;

· Visitei, sorri e chorei com centenas de pessoas especiais;

· Vi nascer a Campal do Ituquara, em Breves (2017);

· Participei da maior campal do Mututi já realizada (2019);

· Vi jovens e líderes se aproximarem da Ilha para capacitar os daqui;

· Lançamos a Pedra Fundamental da Campal das Águas (15/02) prevista para novembro;

As conquistas são do Senhor, pois nEle "faremos proezas" (Sl 60:11). Soli deo gloria!


Ao atracar no Marajó, percebi que, sem metas claras e ousadas, logo desanimaria. Por essa razão, estabelecemos essas acima. Ainda temos muitos outros objetivos para a Causa do Senhor, caso seja Sua vontade que permaneçamos mais tempo nesse pastorado fluvial. Nosso ministério ali tem se caracterizado pelo aproveitamento das oportunidades, parcerias e trinômio tentativa, erro e acerto. Um exemplo disso foi a tentativa de plantar a Igreja da Vila Porto Alegre (fundada pela família Leão) e o Rio Marajoí, em Gurupá.


Em meio aos perigos e desafios, temos sentido a mão do Senhor bem perto. Quem trabalha no Marajó vê milagres todos os dias. Cada viagem nessas paragens é uma aventura. Ouvi e vi milagres de arrepiar os cabelos e aquecer o coração. Deus “fala alto” na região, para alcançar, curar e proteger seus filhos.


Acredito que, nos últimos anos, o Marajó está vivendo um reavivamento sem precedentes. A Igreja tem crescido em quantidade, qualidade e estruturalmente. Os olhares da Obra também estão voltados para essa região e novos projetos devem ser direcionados para “os confins da terra” (At 1:8). Deus ama as ilhas e devemos fazer o mesmo. “As ilhas O viram, e temeram; os confins da terra tremeram; aproximaram-se, e vieram.” (Is 41:5)


O tempo passou rápido. Aprendi com gente simples, gentil e amável. Nunca vi tanto desprendimento, apesar da pobreza extrema, em alguns lugares. Como disse o pastor Adriano Buzeli, no primeiro concílio para anciãos no Marajó, realizado recentemente, “a generosidade do povo daqui nos ajuda a sermos pessoas melhores”. Que eu e minha família, ao sairmos do Marajó, possamos ter tido essa experiência.


Nesses 7 anos de missão no Marajó, tenho 7 gratidões:


1. Gratidão a Deus pelo chamado;

2. Gratidão a minha família pela compreensão;

3. Gratidão a Igreja Adventista do Sétimo Dia pelo suporte;

4. Gratidão ao povo marajoara pelo acolhimento e hospitalidade;

5. Gratidão aos líderes das igrejas pelo apoio;

6. Gratidão a cada membro adventista pelas orações;

7. Gratidão as autoridades e lideranças comunitárias pelas parcerias;


Biblicamente, 7 é o número da plenitude ou perfeição. Alcançamos à plenitude marajoara, cronologicamente. Embora reconheça inúmeras falhas pessoais e equívocos administrativos nos últimos 7 anos, "uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fl 3:13-14). Convido você a fazer o mesmo, à medida que os anos transcorrem e nos aproximamos da apoteose dos séculos, a volta de Cristo em glória e majestade (Tt 2:13).



Ribamar Diniz

É pastor, escritor e editor. Atualmente é mestrando em Teologia pelo SALT/FADBA, membro da Sociedade Criacionista Brasileira e pastor na Missão Pará Amapá. Seus artigos podem ser lidos em ribamardiniz.com. Na foto foto acima, batismo de N. 900 (Limão, maio 2020), 1º batismo (Salvaterra, fevereiro 2014) e batismo no dia do batismo mundial (Rio Branco, maio de 2020). Esse artigo foi revisado por Eliane Matias a quem agradecemos.



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