Segundo a Enciclopédia de Ellen White, Ellen Gould (Harmon) White (1827-1915) foi uma das mulheres mais notáveis dos Estados Unidos no século XIX. Esse reconhecimento é partilhado também por pessoas não adventistas. Uma importante publicação chamada Smithsonian Magazine, em sua listagem dos 100 norte-americanos mais influentes de todos os tempos, inclui Ellen White entre as personalidades religiosas, ao lado de figuras como Roger Williams, Jonathan Edwards e Billy Graham.
“Sua importância duradoura é comprovada por diversas realizações bem documentadas. Em primeiro lugar, ela foi cofundadora (com José Bates e Tiago White), de uma denominação que, no período de seu estabelecimento, em 1863, contava com 3.500 membros, mas cresceu e se tornou uma igreja mundial com milhões de membros batizados.”[1] Em 2015, o influente período Christianity Today, classificou a Igreja Adventista do Sétimo Dia como a quinta maior comunhão cristão do planeta, depois apenas da Igreja Católica Romana, Católica Ortodoxa, Assembleia de Deus e Igreja Anglicana[2].
“[...] Em segundo lugar, Ellen White foi um fenômeno literário. Na época de sua morte, em 16 de julho de 1915, seu corpus literário incluía 26 livros, cerca de 200 folhetos e panfletos, mais de 5 mil artigos em periódicos, 6 mil cartas datilografas e manuscritos gerais, além de diários, totalizando aproximadamente 100 mil páginas de material ao longo de seus 71 anos de ministério (1844-1915). Hoje, incluindo compilações, há mais de 100 obras disponíveis em inglês [mais de 90 em português].”[3] O projeto recente de distribuição gratuita de seu principal livro, O Grande Conflito, promete tornar suas ideias mais conhecidas, dentro e fora da igreja. O alvo é distribuir um bilhão de exemplares (200 milhões impressos e o restante em formato digital), alcançando 12% da população da terra, em apenas dois anos.
“[...] Terceiro, ela obteve êxito em fundar um sistema mundial de educação, assim como as obras médica e de publicações. Ao seguir seus conselhos sobre saúde, os adventistas se tornaram um grupo populacional muito estudado pelos cientistas da área”[4], por conta de sua longevidade e qualidade de vida.
Apesar de tanta contribuição, Ellen White é desconhecida do grande público. Alguns, infelizmente, a consideram uma fanática religiosa, assim como uma seita a Igreja que ela ajudou a fundar. Vários adventistas, até bem pouco tempo, tinham uma visão distorcida daquela que consideram haver recebido o genuíno dom profético (Ap 12:17; 19:10; Joel 2:28-32; Ef 4:11). A viam como uma figura austera, carrancuda e implacável, e seus escritos como um “chicote” para punir os transgressores. Nada mais longe da realidade. Embora Ellen White seja a pessoa mais influente na história de nossa igreja[5], é também uma das menos conhecidas.
As últimas décadas revelaram novas facetas de Ellen G. White e seu maravilhoso dom. Graças sobretudo ao trabalho sério dos Depositários do Patrimônio Literário de Ellen White, que receberam seu acervo e o tem disponibilizado mundialmente. Ao longo dos últimos 109 anos, esse corpo estabelecido por seu testamento, tem preservado, traduzido, compilado e publicado seus escritos, além de contribuir com sua interpretação, em parceria com a própria Igreja e suas editoras.
Algumas publicações, como os livros Perguntas que eu faria a irmã White; Prazer em Conhecer Ellen White e os livros infantojuvenis como Vaso de Honra e Boa noite filho), pintaram um quadro mais humano, acessível e bem humorado da Mensageira do Senhor. Os membros da igreja e outros leitores, como resultado, encontraram em White um ser humano real, uma cristã devota e uma amiga na jornada de fé.
Igual que nós, afirma George Knight, Ellen White teve provas, desilusões, vitórias e conquistas. “Roger Coon afirma que muitas pessoas vem a Ellen White como a ‘Virgem Maria vegetariana’, em vez de alguém com quem podem identificar-se", complementa o autor.[6]
Em relação ao seu dom, os livros acadêmicos (como Quando Deus fala, Enciclopédia Ellen G. White, Mensageira do Senhor, Ellen White e seus críticos, etc.), além da realização de congressos ao redor do mundo, do estabelecimento de mini centros White (especialmente na América do Sul) e o acesso de seus escritos na internet, esclareceram mal entendidos. Além disso, essas e outras iniciativas aumentaram a compreensão sobre seu verdadeiro propósito e criaram simpatia por tais mensagens, além de fornecer as bases para uma interpretação segura desse rico legado. Finalmente, transcrevo algo que me motivou a conhecer melhor a irmã White e seu dom profético: “Tudo o que Ellen White realizou durante seu ministério de 70 anos foi resultado de sua vida devocional.” [7] Esse é um desafio para mim e para você!
Sua vida piedosa foi seu grande segredo. Vale a pena fazermos, em nosso tempo, o mesmo. O propósito não é estampar a lista de pessoas influentes do século XXI daqui a algum tempo, mas, pela graça de Deus, fazemos parte, um dia, dos cidadãos dos céus (Salmo 15).
Ribamar Diniz
Mestre em Teologia e em História
Referências:
[1] Denis Fortin e Jerry Moon, eds., Enciclopédia Ellen G. White (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2018), p. 29.
[2] ZYLSTRA, Sarah Eekhoff. The Season of Adventists: Can Ben Carson’s Church Stay Separatist amid Booming Growth? Disponível em: https://www.christianitytoday.com/ct/2015/januaryfebruary/season-of-adventists-can-ben-carson-church-stay-separatist.html. January 22, 2015. Acesso: 10 de dez 2020.
[3] Denis Fortin e Jerry Moon, eds., Enciclopédia Ellen G. White, p. 29.
[4] Idem.
[5] George Knight, Introducción a los escritos de Elen G., de White. Florida: Asociaicón Casa Editora Sudamericana, 2014, p. 13. Tradução nossa.
[6] Idem, p. 7-8.
[7] Revista Adventista, janeiro/2024, p. 15.
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